Enchidos e carnes processadas

Na recente comunicação da Organização Mundial de Saúde (OMS – http://www.who.int/mediacentre/news/statements/2015/processed-meat-cancer/en/) sobre a ligação do cancro colorretal e o consumo das carnes processadas, já há muito que venho difundindo nos meus pacientes e amigos para se consumir o mínimo possível deste tipo de alimentos.

Muitas pessoas consultam-me para emagrecer, ou para modificar alguns hábitos alimentares, e há a crença estabelecida que o fiambre de peru ou frango ajuda a ter uma alimentação mais saudável… Errado! O fiambre, qualquer que seja o animal que lhe tenha dado origem, nada mais é uma mistura de gelatina e as mais diversas partes do animal trituradas, homogeneizadas e prensadas para ter a forma que conhecemos das vitrinas das lojas.

Estamos em Portugal, um país conhecido por ter tradições de enchidos das mais variadas carnes, e nas mais variadas regiões, de norte a sul do país. Antigamente as carnes para os enchidos eram carnes de animais criados de forma mais biológica, tratadas de forma tradicional, com sal e temperos de qualidade. Um presunto passava meses seguidos envolto em sal, as linguiças eram feitas em fumeiro tradicional com lenhas de qualidade.

Hoje os animais são criados à base de farinhas, algumas delas feitas com OGM (Organismos Geneticamente Modificados), que produzem carnes de má qualidade, com muitos antibióticos e toxinas das farinhas. As carnes já não são temperadas de forma artesanal, estão cheias de aditivos, estabilizadores e conservantes, os “E” que estão presentes em quase todos os rótulos, são embalados a vácuo, em embalagens que mantêm tudo o que é de bom (e mau) em contato com o produto. Os fumeiros e as salgas já são feitas de forma artificial, com temperatura e humidade controlada, nada como antigamente. Até já aparece na lista de ingredientes de alguns produtos “Aroma a fumo”(??!!). É a estes produtos que estes avisos se referem, aos produtos industrializados, que nada têm de parecença aos que os nossos pais e avós produziam de forma caseira.

Há empresas (poucas é certo) que ainda tentam produzir de forma tradicional, e essas aconselho, mas sempre com moderação, pois mesmo nestas condições há determinadas substâncias que realmente podem ser cancerígenas.

Os Benzopirenos são substâncias cancerígenas que formam na combustão, e estão presentes no fumo dos cigarros, mas também se encontram em enchidos, e outras carnes e peixes que sejam fumados ou grelhados, e quanto mais queimados estão, pior a sua concentração (e de outros compostos tóxicos). Daí que se aconselha a não cozinhar em demasia a carne ou peixe na grelha. Outro conselho é retirar a pele destes alimentos, ou a tripa dos enchidos pois aí há uma maior concentração dos benzopirenos.

Outra das substâncias que está presente nas carnes processadas são as nitrosaminas.

As nitrosaminas são agentes de conservação, muito presentes no salpicão para impedir o desenvolvimento do clostridium botulinum, responsável por uma boa intoxicação alimentar, o botulismo, podendo mesmo ser fatal.

E estas substâncias são cancerígenas de uma forma global, não só no cancro colorretal como adverte a OMS!

Recapitulando, fiambre (de qualquer tipo ou animal) e fumados industriais não, presunto e enchidos (caseiros) sim, mas preferencialmente que seja do mais tradicional possível e em pouca quantidade, retirando sempre a pele exterior. Lembro que as carnes são alimentos acidificantes, por isso são sempre de consumo reduzido na dieta alimentar!

Releiam sobre o pH dos alimentos, e sobre os alimentos acidificantes, ácidos e alcalinos. Não deixem de se inscrever na newsletter para estar sempre a par dos últimos artigos que vou publicando.

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

Vitamina D

A polémica vitamina D, que pode atacar os rins e o fígado! Será mesmo?! Será a vitamina D o tratamento para dezenas de doenças, mas que foi tornada a “má da fita” pois não dá dinheiro à indústria farmacêutica… Cancro da mama, cancro da pele, doenças autoimunes (Esclerose Múltipla, Psoríase, etc). Com links para entidades acreditadas para que não hajam dúvidas! Desculpem-me o texto logo, mas se eu fosse explicar tudo, ainda maior seria!

A vitamina D é na realidade uma hormona que podemos obter através da exposição à luz solar direta, ou através da toma de ergocalciferol (vitamina D2 de origem vegetal) ou de colecalciferol (vitamina D3 de origem animal).

Hoje em dia a Dose Diária de Referência (DDR) varia entre as 100 UI (Unidades Internacionais) e as 400 UI, dependendo do país e dependendo da idade. Mas este valor é absurdo e está totalmente desfasado da realidade. Um estudo estatístico do ano passado de Paul J. Veugelers e John Paul Ekwaru, da Escola Pública de Saúde da Universidade de Alberta, no Canadá (podem fazer o download em http://www.mdpi.com/2072-6643/6/10/4472/pdf), publicado pelo Multidisciplinary Digital Publishing Institute, uma instituição que publica artigos científicos acreditados pela comunidade científica com sede na Suíça, mostrou que a DDR de vitamina D foi mal calculada no estudo feio pelo Institute of Medicine (IOM), a pedido dos governos dos EUA e do Canadá. O IOM calculou a DDR de vitamina D em 600 UI, mas o estudo estatístico do ano passado veio a confirmar o quão díspar é essa quantidade, pois na realidade para se manterem valores mínimos aceitáveis de vitamina D serão precisas 8895 UI, sim, são precisas quase 15 vezes mais unidades internacionais que o proposto! Atenção, não é invenção minha, nem dos meus colegas das terapias complementares!

Sem se saber, a carência em vitamina D é quase uma regra por todo o mundo, e na maior parte das pessoas sem que se apercebam.

A melhor forma de termos a vitamina D em quantidades ótimas é mesmo através de exposição solar, mas o estilo de vida que temos hoje em dia não nos permite receber a quantidade necessária, passamos dias inteiros fechados nos locais de trabalho, já não se fazem atividades lúdicas ao ar livre, quando vamos à praia utilizamos protetor solar em excesso… Sim, protetor solar em excesso (e agora pensam vocês, é desta que se passou da cabeça!). A síntese de vitamina D pelo sol dá-se quando os raios UVB penetram a nossa pele, pelo que com um protetor solar de fator 8, já essa produção é reduzida em mais de 3/4. Nos últimos anos as campanhas para utilização de protetor solar na Austrália têm sido enormes, o que não impediu que entre 1986 e 2006 os cancros de pele duplicassem (http://www.melanoma.org.au/understanding-melanoma/melanoma-facts-and-statistics/). Isto é explicado pelo efeito protetor da vitamina D no cancro da pele. O mesmo se verifica pelo resto do mundo em que o aumento da utilização dos protetores solares, trouxe consigo um aumento do número de cancros da pele! Será por alguns dos componentes dos protetores serem cancerígenos (dava mais uma história completa só com este tema…), ou pela falta da vitamina D que é produzida em pouca quantidade?!

Além do cancro da pele, a vitamina D tem demonstrado resultados muito favoráveis em outros tipos de cancro, nomeadamente no cancro da mama. Pacientes com valores mais altos de vitamina D têm um risco reduzido de vir a sofrer de cancro da mama, e quando este aparece, esta mesma vitamina ajuda na apoptose (morte das células do cancro) e no aumento da esperança de vida das doentes (http://www.breastcancer.org/risk/factors/low_vit_d e http://www.medicalnewstoday.com/articles/273728.php). Tem igualmente evidências em pelo menos mais 15 tipos de cancro, além dos já citados, no da próstata e no colorretal, a vitamina D também ajuda neles.

vitamin-D

Ao nível de sistema imunitário, pessoas com níveis ótimos de vitamina D têm menos propensão às infeções do tempo frio, como gripes e constipações (http://www.wsj.com/articles/SB10001424052748704156304576003531437073192), e até mesmo para acelerar o processo de cura nestas infeções tomando doses altas de vitamina D.

Ainda na parte imunológica, a vitamina D tem demonstrados efeitos excelentes nas doenças autoimunes. Um neurologista brasileiro, o Dr. Cícero Coimbra, já há mais de 1 década que trata milhares de pacientes com Esclerose Múltipla com altas doses de vitamina D e outros suplementos, sem qualquer recurso a químicos. Eu já tenho vindo a implementar este tratamento (adaptado com mais alguma suplementação) em alguns pacientes. O Dr. Cícero também já testou este tratamento em outras autoimunes, como a Psoríase e a Artrite Reumatóide.

Em 1903, o Nobel da Medicina foi atribuído ao Dr. Niels Ryberg Finsen, pela descoberta das propriedades da luz, mais propiamente dos raios UV (Lembro que os UVB desencadeiam a produção da vitamina D), no tratamento de doenças da pele.

Voltando à produção da vitamina D pela exposição solar, e aqui posso aumentar a polémica e revolta em algumas pessoas. A melhor hora para a produção de vitamina é quando os raios solares estão mais perpendiculares, ou seja, entre as 12h e as 15h, as horas “perigosas”. Mas não precisamos de estar 3 horas expostos ao sol! Os estudos mostram que 10 a 15 minutos, com pernas e braços expostos, o organismo consegue produzir entre 15.000 UI e 20.000UI de vitamina D. Só por aí vemos o absurdo das DDR que atualmente são norma na maior parte dos países. Mas mesmo fora dessas horas, já há uma boa produção de vitamina D. Por isso eu aconselho sempre os meus pacientes quando vão à praia, a primeira meia hora da manhã, a exposição ao sol deve ser feita sem qualquer tipo de proteção! Após esse período, a melhor proteção é vestir roupas claras e estar debaixo do guarda-sol. E quando vamos à praia, quantos jovens (e não só) vemos deitados nas toalhas horas esquecidas ao sol sem qualquer tipo de proteção?! E até agora ainda não ouvi falar de nenhuma morte por excesso de vitamina D por causa de exposição solar…

Os primeiros efeitos da vitamina D descobertos foram na absorção do cálcio. Mais uma evidência da carência desta vitamina, com o crescente número de pacientes com osteopénia e osteoporose, situações que são razoavelmente “fáceis” de reverter com a ingestão adequada de vitamina D e de Cálcio de Coral, nada de cálcio inorgânico “da farmácia” pois a percentagem da sua absorção e fixação é muito reduzida.

E as potencialidades da vitamina D alargam-se por muito mais patologias, desde o sistema cardíaco, na diabetes, em casos de autistas… São mais de 600 funções no nosso organismo em que a vitamina D entra.

A questão da principal problemática da vitamina D é que não é rentável financeiramente! A indústria farmacêutica não tem interesse nela pois não consegue ganhar dinheiro com ela. E o que não mexe dinheiro, não tem interesse! E claro que declara guerra à vitamina D pois ela é extremamente segura, pode ser tomada por qualquer pessoa, e com efeitos colaterais mínimos ou mesmo nulos. Basta eliminar o leite e os seus derivados, já discutido aqui, e beber muita água para manter os rins em bom funcionamento (mas isso é uma recomendação que todos devemos seguir).

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

O Intestino

Tem depressão? Tem alergias? Tem asma? O bebé nasceu de cesariana e anda sempre doente? Acha que o intestino não está relacionado com nenhum destes assuntos?! Se calhar é melhor ler este artigo…

Já no final do século passado o Dr. Michael D. Gershon (professor de anatomia e biologia celular) lançou um livro, “O Segundo Cérebro”, a relatar a importância que este órgão tem no nosso organismo, mas que a comunidade médica teima em desvalorizar (à exceção dos gastroenterologistas) e a considera-lo um órgão “secundário”. Neste últimos meses têm surgido mais publicações (felizmente!) relacionadas com o intestino.

Logo para se ver a sua importância, nas primeiras semanas do desenvolvimento embrionário, quando as células começam a fazer a diferenciação a que órgão vão pertencer, o sistema nervoso e o intestino são das primeiras estruturas que começam a aparecer, ou seja, há uma grande ligação logo de início entre o cérebro e o intestino.

Em números, o intestino tem quase a mesma quantidade de neurónios que o cérebro, e consegue ter mais do que a espinal medula. O intestino tem um sistema de controlo quase autónomo, o que permite que este funcione mesmo quando o cérebro esteja afetado, isto é, mesmo que a pessoa esteja em coma, o intestino continua “na dele” a funcionar e a digerir os alimentos.

O intestino é a nossa primeira barreira de defesa, em que mais de 2/3 do sistema imunitário se encontra aí. Podemos ver quando comemos algo estragado, a reação do organismo é logo vomitar ou provocar uma diarreia.

Além do mais, o microbioma ou microbiota intestinal (antigamente chamado de flora intestinal) também atua como sistema imunitário, rejeitando tudo o que seja nocivo para o nosso organismo. Temos centenas, e possivelmente milhares, de estirpes (espécies) de bactérias boas no nosso intestino, são elas que compõem o nosso microbioma intestinal, e já há médicos e cientistas que começam a considera-lo mais um órgão do nosso organismo, já que todas somadas podem chegar a pesar 2 kg!

O microbioma intestinal é essencial para a nossa sobrevivência, além de funções defensivas, é igualmente responsável pela transformação dos alimentos na digestão, fazendo com que sejam melhor absorvidos, mas também algumas bactérias são produtoras de vitaminas, como a B12 e K.

A serotonina, um neurotransmissor que muitas vezes é chamado de “hormona da felicidade” já que modula no nosso humor e consegue ajudar no controlo do ritmo circadiano e do sono, tem a sua principal produção no intestino, responsável por 95% da sua produção, e uns meros 5% só no cérebro. Estudos indicam que a serotonina está igualmente ligada a problemas relacionados com ansiedade, depressão, obesidade, enxaqueca e esquizofrenia. Já está a ver se o intestino não está bom, até que ponto nos pode influenciar?!

Mas ainda não ficamos por aqui!

Além da serotonina, ainda são produzidos mais de 30 neurotransmissores no intestino, que controlam as mais diversas funções que se possam imaginar.

Há 3 “bióticos” importantes no intestino:

  • antibióticos – são contra a vida, são os medicamentos que utilizamos que utilizamos para combater as infeções que o nosso sistema imunitário não consegue combater. Mas estes antibióticos não matam só os agentes patogénicos, eles matam igualmente as nossas bactérias boas;
  • probióticos – são a favor da vida, são as bactérias que podemos ingerir que vão reforçar o microbioma intestinal, e podemos consumir alguns alimentos fermentados que contenham essas bactérias;
  • prebióticos – são o alimento da vida, geralmente são fibras que alimentam os probióticos. Os mais conhecidos são os Fruto-oligossacarídeos e os Galacto-oligossacarídeos.

Hoje em dia no mercado já existe os chamados simbióticos, que são uma mistura dos probióticos e os prebióticos, simbióticos estes que devem ser sempre associados a uma toma de antibióticos.

Os probióticos são bastante úteis quando fazemos alguma suplementação ou outra medicação, pois geralmente facilitam a absorção dos componentes necessários.

O nosso microbioma intestinal vai-se contruindo ao longo da vida, e já foram feitos estudos que encontraram algumas bactérias logo no micónio (as primeiras “fezes” do recém nascido), mas elas são adquiridas logo no momento do parto, quando o bebé passa pela vagina, sendo “infetado” pelas bactérias da mãe. Daí a importância do parto natural em vez da cesariana, pois isso irá prevenir futuras doenças na criança, e até mesmo em adulto. Caso o bebé nasça de cesariana, pode-se desde logo começar com uma suplementação em probióticos adequado para os primeiros meses de vida.

Um bom microbioma intestinal desde jovens, tem sido conotado com menos casos de asma nas crianças e em adulto.

Há outros problemas que estão associados a uma síndrome chamado de intestino poroso. O intestino poroso é quando no intestino há pequenas fendas, que deixam passar moléculas ou outras impurezas para o sangue, causando assim respostas inflamatórias no organismo.

Este intestino poroso tem sido igualmente ligado às doenças autoimunes (Esclerose Múltipla, Artrite Reumatóide, Psoríase, Lúpus, etc.) e à reações alérgicas. O Leite (já falado) e o Glúten (sendo o trigo o pior inimigo, também já discutido) são os mais conhecidos, podendo levar a graves sintomas. Esta alergia ao glúten é conhecida como a Doença Celíaca. Hoje em dia há cada vez mais pessoas com Doença Celíaca, mas há também cada vez mais pessoas com pequenas intolerâncias ao glúten, que se manifesta com barrigas inchadas ao fim do dia, fadiga, até mesmo problemas de concentração!

Daí que uma das minhas principais preocupações com os meus pacientes é que estes tenham um intestino bom, que se o intestino estiver em boas condições, será muito mais fácil recuperar a boa saúde.

Havia muito mais para se falar do intestino, mas penso que por aqui já ficamos com uma vista bem alargada da importância. Por isso vamos tratar bem do nosso intestino, é por ele que nos alimentamos, mas é igualmente ele responsável por nos proteger e manter bem-dispostos! Como já referi anteriormente, comam fruta e muitos legumes!

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

A Abóbora

Cucurbita maxima

 

E como estamos na época festiva “importada” do Halloween, vamos falar da senhora da festa: a Abóbora!

Já se conta mais de 7500 anos de utilização da Abóbora, já que no México foram encontradas sementes datadas desta altura.

A Abóbora é uma fonte rica de fibras, potássio, selénio, vitamina A, luteína, entre outras vitaminas.

As sementes são as que têm mais valor terapêutico, pois são ricas em Ómega 3 e fitoesteróis, daí serem utilizadas em diversas patologias:

  • na HBP (Hiperplasia Benigna da Próstata) as semente ajudam a reduzir o seu tamanho. Ajudam igualmente a reduzir o risco de cancro da próstata;
  • em estudos efetuados no Japão, a Abóbora demonstrou igualmente ser eficaz na redução do risco de cancro na mama, pulmão e colorretal;
  • igualmente no Japão foi comprovado que as sementes de Abóbora ajudam a controlar os níveis de glicémia no sague, ajudando na diabetes;
  • também já mostraram resultados em casos de hipertensão e de asma.

 

Em sopa, em tartes, em bolos (sem farinha de trigo!), comendo as sementes secas ou simplesmente assada no forno, a Abóbora é versátil e deve ser consumida à vontade!

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

Esclerose Múltipla

 

Hoje em dia já muitas pessoas ouviram falar de Esclerose, mas há 2 que se diferenciam mais: a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e a Esclerose Múltipla (EM). Esta última é o tema desta publicação.

A EM faz parte das mais variadas Doenças Autoimunes, tal como a ELA, mas também a Artrite Reumatóide, a Psoríase, Lúpus, entre outras. Além de ser uma doença autoimune, é uma doença degenerativa e inflamatória do sistema nervoso.

De forma simples, uma doença autoimune acontece quando o próprio organismo se agride a ele próprio, provocando lesões nos mais variados tecidos (articulações na Artrite Reumatóide, a pele na Psoríase). No caso da EM, o sistema imunitário da pessoa agride a bainha de mielina, uma camada lipídica que reveste o axónio (o “braço” mais comprido do neurónio), e permite que a informação passe pelo neurónio de forma mais rápida e eficaz.

neurónio1

Esta destruição da bainha de mielina pode dar-se em vários locais, desde o cérebro, ao nervo óptico, na espinal medula, e conforme a localização, irá produzir os mais variados sintomas. Daí que seja uma doença de difícil diagnóstico, e frequentemente o paciente anda a “saltar” de especialidade em especialidade até chegar à neurologia, e só pela soma dos mais variados exames (ressonância magnética, potenciais evocados, punção lombar) é que se consegue chegar a uma conclusão.

A sua origem ainda é desconhecida, mas a sua predominância é maior quanto mais afastados da linha do equador estamos, ou seja, quanto menos luz do sol há. Daí que uma das suspeitas seja a carência da vitamina D, mas ainda não foi confirmada esta hipótese.

Dentro da EM há vários tipos, sendo a mais frequente a surto-remissão, ou seja, há uma crise chamada de surto em que há um ataque do sistema imunitário à bainha de mielina, causando vários sintomas, podendo ir desde fadiga extrema, falta de força, ataxia (falta de coordenação), alterações na visão e/ou audição, dormências no corpo, etc. Quando o paciente tem um surto, há que fazer um tratamento durante 3 ou 5 dias seguidos com um corticoide intravenoso (diretamente na corrente sanguínea, diluído em soro). Após o surto, pode haver a regressão completa de sintomas, ou pode ficar alguma sequela. Após algum tempo que pode variar de dias a anos, pode acontecer um novo surto.

Na medicina convencional o único tratamento que existe é a imunomodelação com injeções ou medicação oral, de forma a manter o sistema imunitário pouco ativo, e assim tentar espaçar o tempo entre surtos. Sabe-se hoje em dia que a eficácia deste tipo de medicação é pouca, e grande parte dos pacientes sofre bastante com os efeitos secundários, sendo o mais frequente a síndrome gripal (febre e dores no corpo).

Contudo, na perspetiva mais natural, há tratamentos que cada vez mais vêm tendo resultados extremamente positivos. Há vários médicos e terapeutas a enveredar por uma resposta alternativa para os seus pacientes, ou até mesmo de forma complementar com a medicação química.

Numa doença autoimune um dos primeiros órgãos a tratar é o intestino, um dos órgãos mais importante no nosso organismo, mas infelizmente um do menos valorizado pela comunidade médica. O intestino será alvo de uma publicação, para se explorar o seu valor.

A vitamina D em altas doses tem sido igualmente utilizada com muito sucesso, mas com alguma precaução para evitar danos no organismo, como por exemplo nos rins. Além da vitamina D, outra suplementação é utilizada nos pacientes com EM.

Há várias vertentes que, a partir do momento do diagnóstico de EM, têm de ser tomadas em conta. Além de uma boa suplementação adequada a cada paciente, há hábitos de vida que têm de ser modificados. A alimentação é dos de maior importância, principalmente pela escolha de alimentos frescos e da época do ano em que nos encontramos. O exercício físico torna-se obrigatório, nem que sejam caminhadas, e sempre adequado às limitações e capacidades de cada um.

Sendo uma doença degenerativa, temos de perceber o porquê do seu aparecimento, qual a razão que o nosso corpo se quer autodestruir, e principalmente aceitá-la e saber gerir o dia-a-dia, mas acreditar que se consegue dar a volta e que amanhã vai ser um dia ainda mais maravilho que o de hoje!

Tenho vindo a desenvolver meios alternativos e complementares com vários pacientes, tendo resultados extremamente positivos em Esclerose Múltipla, mas também na mais variada panóplia de doenças agudas e crónicas (gastrites, artroses, ciatalgias, osteoporose, depressões, fibromialgia, etc.).

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha