Cancro da Mama – A queda do mundo, ou um renascimento?!

A milagrosa pílula anticoncecional que veio salvar muitas jovens e mulheres adultas de sofrerem os sintomas pré-menstruais, a maravilhosa terapia de substituição hormonal que livrou muitas mulheres, que entraram na menopausa, dos terríveis afrontamentos e das mudanças de humor… Serão assim tão boas?! Sofre ou já sofreu de cancro na mama, mas os médicos não lhe indicaram algumas mudanças alimentares fundamentais? Vamos então abordar um pouco este delicado assunto, de forma simples para que seja de fácil compreensão a todos.

Eu era para escrever este artigo um pouco mais tarde, mas os casos de cancro na mama são cada vez mais frequentes, e cada vez mais em mulheres jovens, e quase que sabemos de um novo caso diariamente. São mais de 5500 casos anuais, mais de 15 casos por dia em Portugal! São situações cada vez mais próximas, familiares ou amigas que padecem deste sofrimento, que abalam física e emocionalmente a mulher e todos que a rodeiam.

Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa, há diversos tipos de cancro da mama, mas o mais comum é o hormonodependente (cerca de 70%), ou seja, em que o aspeto hormonal está envolvido.

E como é que podemos diagnosticar um cancro na mama?! Bem, há sinais mais evidentes e que aconselho as minhas pacientes a fazer com alguma regularidade a palpação da mama, pois qualquer caroço ou massa estranha detetada na palpação poderá indicar algum problema.

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Contudo, por vezes, em mamas com mais tecido mamário pode haver dificuldade em encontrar alguma massa diferente, pelo que há outros sinais que deverão despertar à atenção. Ao fazer a palpação da mama, a mulher deve também palpar a axila, onde se encontram os gânglios linfáticos, e estes também podem apresentar algumas alterações, como dor ou inchaço. Por vezes um cansaço maior sem grandes esforços, perda de peso ou transpiração excessiva podem indicar que algo não está bem.

Quando há alguma suspeita, recorre-se a dois exames fundamentais: a mamografia e a ecografia. Em Portugal existe um plano nacional de rastreio contra o cancro da mama que abrange todas as mulheres entre os 45 e os 69 anos de idade, com mamografias gratuitas de 2 em 2 anos [1]. A utilização da mamografia é por vezes discutida pelo uso de radiação, mas não vou entrar por aí, pois acho que é importante uma consciencialização de todas as mulheres para este problema real, e que qualquer uma pode ser afetada.

Há diversos fatores que contribuem para o risco de cancro mamário estar mais aumentado em algumas mulheres do que noutras:

– antecedentes familiares – a parte genética tem a sua fatia nos fatores de risco, em que os oncogenes (genes que desencadeiam tumores) pode estar mais evidentes e que os genes supressores de tumores (como o nome indica, são genes que combatem o desenvolvimento de tumores) são “mais fracos”, contudo, como já falei no artigo da Epigenética, alimentação e hábitos de vida saudáveis podem mudar o nosso futuro;

– mulheres que nunca tiveram filhos (a amamentação é extremamente benéfica não só para o bebé, mas tem igualmente um efeito protetor para a mulher) [2];

– tabagismo e alcoolismo;

– excesso de peso pós menopausa (8% a mais por cada 10 Kg além do peso recomendado);

– consumo excessivo de hormonas.

Aqui é um dos pontos que quero elucidar. Os métodos contracetivos hormonais (pilulas, pensos, etc.) e as terapias de substituição hormonal química são péssimas! Às minhas pacientes que tomam pílula ou que já estão na menopausa e fazem tratamentos químicos de substituição desaconselho a continuarem esse tipo de medicação! A maior parte dos estudos indicam que tanto as pílulas anticoncecionais, como a terapia hormonal de substituição potenciam o desenvolvimento do cancro da mama [3], além de potenciar o seu desenvolvimento em idades mais jovens [4], podendo mesmo até atrasar um diagnóstico precoce [5]. As pílulas não devem ser tomadas mais do que 2 anos seguidos, sendo um risco de 4 a 5 vezes maior se as mulheres tomarem a pílula durante 6 anos ou mais, especialmente se começarem antes dos 25 anos de idade [6].

Ok, há mulheres que sofrem muito com a menstruação, mas há outras formas de controlar esses sintomas e que não causam o risco para a sua saúde futura, tal como o Óleo de Onagra ou o de Borragem. Temos suplementos alimentares capazes de controlar qualquer que seja o tipo de desconforto. Nas mulheres que estão a entrar na menopausa, ou mesmo naquelas que já está confirmada, temos também alternativas de fazer essa substituição hormonal de forma natural, com a Cimicifuga ou um Agno Casto, que reduzem imenso os afrontamentos, os suores, as mudanças de humor e até mesmo as variações de peso. Não indiquei as tão faladas Isoflavonas de Soja porque não sou muito apologista da sua utilização. A isoflavona de soja é um fitoestrogénio, ou seja, um estrogénio de origem vegetal, e a sua forma é muito semelhante ao estrogénio produzido pelo corpo humano, e há estudos contraditórios com a utilização destas isoflavonas. Uns dizem que pode potenciar o desenvolvimento de cancros hormonodependente (mama, útero, ovário, etc), outros indicam que não têm influência nenhuma neste tipo de cancro… Eu como gosto de “jogar pelo seguro”, e ainda por cima temos outras plantas para o mesmo efeito, não utilizo as isoflavonas de soja.

O tratamento do cancro da mama irá depender de alguns fatores (tais como idade da paciente e do estágio do cancro), mas quase sempre passa por uma abordagem cirúrgica, seguida de quimioterapia e/ou radioterapia.

Na parte cirúrgica pode ir desde a mastectomia (retira-se a mama por completo), quadrantectomia (retira-se um quarto da mama) ou a lumpectomia (onde se retira uma pequena parte da mama). Esta cirurgia além dos “normais” riscos de uma intervenção acarreta, acaba por ser devastadora para a parte emocional da mulher, mas há a hipótese de mais tarde se proceder a uma reconstrução mamária, devolvendo novamente uma maior integridade à mulher.

Após a cirurgia, há que se fazer uma reavaliação multidisciplinar para ver se há necessidade de tratamentos posteriores (com a quimioterapia ou radioterapia).

Estes tratamentos também são complicados devido aos seus efeitos secundários (baixa de sistema imunitário, náuseas, perca de qualidade de vida generalizada…), e cada vez mais se começa a discutir a real eficácia no tratamento de doenças oncológicas [7].

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Mas não haverá outra solução sem tantos contras?!

Claro que há, e não faltam estudos científicos a demonstrar que sim!

Antes de apresentar as outras possibilidades de tratamento, acho que prioritária será a alimentação. As células tumorais têm 10 vezes mais recetores de glicose em comparação às células normais. É isto que vai permitir que o cancro se desenvolva muito mais rapidamente, pois ele alimenta-se de açúcar, e tem as ferramentas para agarrar muito mais glicose. Assim é essencial restringir o consumo, não só de açúcar, mas também de hidratos de carbono (pois estes transformam-se em açúcares quando são digeridos). Tal como o açúcar, aconselho igualmente às minhas pacientes a eliminação total do leite e dos seus derivados, por causa dos seus malefícios, como expliquei no meu artigo sobre o leite.

As crucíferas (couves, brócolos, nabos, etc.) são dos melhores alimentos que podemos consumir, com propriedades anticancerígenas e mesmo de tratamento. Outros alimentos que podemos incluir são os frutos vermelhos (mirtilos, framboesas, amoras, etc.) e um copo de vinho (a cada refeição), tudo pelos seus antioxidantes. Existem mesmo estudos que indicam o chá verde como preventivo do cancro da mama [8].

Voltando às “alternativas” de tratamento, há um que para mim leva vantagem sobre a “quimio” e a “radio”. A Vitamina D é fundamentalíssima para todos nós, e ainda mais para qualquer doente oncológico.

Já devem estar a pensar, lá vem ele novamente com a Vitamina D, mas a realidade é esta! Os estudos mostram que a Vitamina D promove não só um efeito protetor anticanceroso, mas também promove a apoptose (a morte das células cancerígenas) [9][10], e estes são apenas 2 estudos dos imensos que existem publicados. Mas como não são vitaminas que dão rendimento à indústria farmacêutica, o interesse em desenvolver tratamentos realmente eficazes ficam para trás.

Além disto, podem ser adicionados mais alguns suplementos com mais vitaminas e selénio, e alguns medicamentos homeopáticos também são muito eficazes!

Se ainda não tem nenhum problema, adote um estilo de vida mais saudável, pratique exercício físico, reduza o consumo de gorduras trans, de trigo, alimentos processados e leite.

Acredite que o cancro da mama não é o fim, o seu mundo é abalado mas não cai! O cancro é apenas um grito que o nosso corpo dá e nos faz despertar para termos uma vida mais saudável! E não é apenas a mulher que tem de se tratar, todos os que estão à sua volta também têm de se consciencializar para uma nova fase na vida! Todos temos de mudar!

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

 

[1] http://laco.pt/cancro-mama/preven%C3%A7%C3%A3o-riscos/rastreio

[2] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26262729

[3] http://www.apocpcontrol.org/paper_file/issue_abs/Volume16_No9/3957-3960%203.22%20Syed%20Mustafa%20Karim.pdf

[4]http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26400124

[5] http://www.termedia.pl/Breast-cancer-risk-factors,4,25806,1,1.html

[6] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6138501

[7] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15630849

[8] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12845655

[9] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3081446/

[10] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10519395



 

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