Arquivo mensal: Novembro 2015

O Colesterol, o Vilão fabricado

E se eu lhe disser que ter um colesterol “elevado” não indica um risco cardiovascular?! E se eu lhe disser que ter um colesterol baixo, aumenta o risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer?! E se eu lhe disser que a estatina (medicamento para baixar o colesterol) lhe aumenta o risco de enfarte e lhe ataca o fígado?! Não acredita?! Este é outro dos artigos com ligações para diversas entidades oficiais para não pensarem que inventei o que digo.

O colesterol foi isolado e identificado pela primeira vez em 1758 em pedras da vesícula, pelo Dr. François Poulletier de la Salle (Médico e Químico), e trata-se de um álcool que todos nós possuímos. Temos entre 35g a 40g, diariamente o nosso fígado produz cerca de 1 g, está maioritariamente presente nas membranas celulares, mas também se encontra nos mais variados tecidos do nosso corpo. A produção endógena (pelo fígado) conta com 70% do total existente, e apenas 30% que obtemos pela alimentação.

Assim já podemos ver que se temos colesterol “elevado”, a culpa maior não será da alimentação! Tenho colocado o “elevado “ entre aspas já que na verdade o que é chamado de colesterol elevado é puro engano!

A história dos níveis “elevados “ de colesterol começou na década de 50 do século passado, com o desenvolvimento de novos métodos de análise das lipoproteínas pelo Professor John Gofman, da Universidade da Califórnia em Berkeley, chegando a conclusões que os níveis mais elevados de LDL (“mau colesterol”) estavam presentes em pacientes com enfartes, enquanto o risco era menos em pacientes com níveis elevados de HDL (“colesterol bom”). Poucos anos mais tarde, o Dr. Ancel Keys da Universidade do Minnesota publicou um artigo que afirmava sem qualquer dúvida que os níveis altos de colesterol eram a causa das doenças cardiovasculares! (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3108295/).

O colesterol é de extrema importância no metabolismo das vitaminas lipossolúveis, entre as quais a vitamina A, D, E e K. Ele é o percursor da vitamina D, e já vimos no artigo da Vitamina D a sua real importância. Se pela exposição solar esta já é deficiente, se não temos colesterol nas quantidades adequadas, a carência desta vitamina ainda se torna mais gritante!

Estudos mostram que baixos níveis de colesterol, reduzidos com ou sem recurso a estatinas, reduzem os retores de serotonina (a “hormona do bem-estar”) ao nível cerebral, levando a estados depressivos, comportamentos violentos e tendências suicidas (http://medind.nic.in/jal/t13/i4/jalt13i4p339.pdf e http://www.ijnpnd.com/article.asp?issn=2231-0738;year=2014;volume=4;issue=1;spage=69;epage=73;aulast=Thomas).

Outros estudos recentes demonstram igualmente que a utilização de estatinas, a tal “pílula mágica” para baixar o colesterol, tem aumentado o risco dos pacientes desenvolverem a Doença de Parkinson, ao contrário do que era alegado, aumentam também o risco de desenvolvimento de Diabetes (http://www.express.co.uk/life-style/health/562600/Parkinsons-link-statins-mass-use-drug-risk-thousands-developing-nerve-disease e http://www.medicaldaily.com/common-cholesterol-drugs-may-not-lower-risk-parkinsons-disease-evidence-behind-323126).

O malfadado LDL, chamado de “mau”, não passa de uma lipoproteína de transporte, que tem como função pegar no colesterol bom e levá-lo ao cérebro, onde terá funções muito importantes, como já referi anteriormente, implica na proteção contra o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. Mas atenção, a partir do momento que começamos a ingerir muitas gorduras trans, explicadas noutro artigo, o LDL oxida, e aí sim, torna-se prejudicial.

Já num estudo de 1992 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1503812), os investigadores indicam que níveis baixos de colesterol podem potenciar o desenvolvimento de cancro! Possivelmente na relação de colesterol-produção de vitamina D, e o seu efeito protetor contra tumores, como expliquei no artigo da vitamina D.

Cada vez mais os clínicos e investigadores concordam que pegar isoladamente nos valores de colesterol para avaliar os riscos cardiovasculares torna-se insuficiente (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8749272), até porque 75% dos pacientes com doenças cardíacas têm valores de LDL dentro dos limites (http://newsroom.ucla.edu/releases/majority-of-hospitalized-heart-75668).

Voltando às “maravilhosas” estatinas, a sua toma vai interferir com a produção de Coenzima Q10, extremamente importante para a prevenção de problemas cardiovasculares, musculares, Doença de Parkinson, e igualmente indicada na ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), cancro, diabetes, etc. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ubiquinona). A Q10 tem igualmente um efeito protetor das células do fígado. A Farmacêutica Merck tem a patente de um medicamento que associa a estatina à coenzima Q10 (http://www.functionalmedicineuniversity.com/statin-CoQ10.pdf), desde 1990, mas não lança este medicamento!

Será que não há interesse em admitir que as estatinas são assim tão prejudiciais?! Realmente há necessidade de baixar os níveis de colesterol com estas evidências todas?! Querem as farmacêuticas perder um negócio de milhões e milhões com a venda de um medicamento (as estatinas) que só prejudica os pacientes?! Informem-se, leiam, questionem os vossos médicos, eles próprios iludidos pela indústria farmacêutica.

E não vão na conversa das margarinas que baixam o colesterol! Já expliquei que não funcionam assim no artigo das margarinas e da manteiga.

Nos meus pacientes sempre que os valores de colesterol superam um pouco os 200 mg/dL, até aos 240 mg/dL, não me preocupo, explico-lhes a verdade, que estão bem, que estão protegidos contra os que eles estão realmente preocupados.

 

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

Manteigas, Margarinas e afins

Lembram-se da “torradinha com margarina vegetal” que eu falei no artigo do Trigo (que aconselho a ler, caso ainda não o tenham feito)? Acha mesmo que a publicidade às margarinas com fitoesteróis lhe vão ajudar a baixar o seu colesterol? Pensa que estas margarinas são mais saudáveis que a manteiga de vaca ou que a banha de porco?

Antes de avançar propriamente para a gordura embalada, vamos a um pouco de química. Vou falar de gorduras cis e gorduras trans. Esta diferenciação baseia-se na geometria das moléculas, em que as cis são simétricas (e menos prejudiciais), e quando esta gordura sofre processos químicos transforma-se em trans, e a molécula deixa de ser simétrica.

cis-trns

As gorduras cis são as mais comuns na natureza, presentes nos óleos vegetais, e são ricas em ácidos gordos insaturados (saudáveis), mas que em contato com o oxigénio reagem e formam-se ácidos gordos saturados (maus).

Quando vamos ao supermercado comprar óleo, seja de milho, girassol, amendoim, soja, etc., eles encontram-se no estado líquido à temperatura ambiente, enquanto as margarinas ditas vegetais encontra-se em estado sólido, mesmo que estas estejam a temperaturas não muito elevadas. Então algo teve de se passar para que os óleos consigam manter essa consistência. Eles passam por um processo chamado de hidrogenação, em que lhes é adicionado hidrogénio a alta pressão e temperatura, e assim modificam as suas gorduras cis para gorduras trans, conseguindo assim ter a consistência que conhecemos e um melhor sabor e durabilidade. Como referi anteriormente, as gorduras trans são prejudiciais para a nossa saúde.

óleos vegetais

As gorduras trans provocam um desequilíbrio no nosso organismo, causando o aumento de um tipo de prostaglandinas inflamatórias, levando assim a um quadro de dor mais frequente.

Além disso, é sabido que as gorduras hidrogenadas são responsáveis pelo aumento do LDL (colesterol mau) e pela redução do HDL (colesterol bom), aumentando assim o risco de doenças cardiovasculares. Foi igualmente demonstrado que as gorduras hidrogenadas alteram a capacidade das células reagirem à insulina, provocando uma maior resistência a esta, podendo potenciar a diabetes.

E estas gorduras hidrogenadas estão presentes em quase todos os produtos industriais que compramos. Um conselho que costumo dar aos meus pacientes é que se na lista de ingredientes do produto aparece “gordura hidrogenada” num dos primeiros 5 ingredientes, automaticamente este volta para a prateleira. A lista de ingredientes de um produto encontra-se sempre do que está em maior quantidade, para o que tem menor quantidade.

Nos últimos anos têm aparecido publicidades que indicam a adição de fitoesteróis a estas margarinas (e a outras bebidas) para o combate ao colesterol, com as alegações que este conseguem reduzi-lo. O mesmo não é verdade. Os estudos indicam que estes fitoesteróis são pouco absorvidos, mas que conseguem ligar-se ao colesterol que ingerimos, e assim facilita a sua eliminação nas fezes (https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/70084/000777696.pdf?sequence=1). A maior parte dos pacientes que recebo com colesterol “elevado” (o colesterol será tema de outro artigo) faz uma alimentação com poucas gorduras, por isso se o têm elevado, é devido a uma produção endógena (pelo próprio fígado), pelo que os “milagrosos” fitoesteróis adicionados na “maravilhosa” margarina não vão ter qualquer atuação significativa na redução do colesterol da pessoa.

Continua a pensar que as margarinas são assim tão saudáveis?!

Portanto, se queremos utilizar algum tipo de óleo vegetal, que sejam em forma líquida, e de preferência prensados a frio, sem processos de refinação.

Mas calma, há outras gorduras que podemos utilizar, mas de origem animal. Temos a banha de porco e a manteiga de vaca.

Estas são gorduras que naturalmente são mais sólidas, o que não quer dizer que podem ser consumidas em grandes quantidades. Contudo, podem ser utilizadas para cozinhar, principalmente a banha de porco, ou então um bom azeite virgem, mas lembrem-se que não devem chegar a temperaturas muito altas, para não criarem compostos tóxicos, como o HNE (4-hidroxi-trans-2-nonenal), reconhecido como sendo um agente cancerígeno, potenciador de diabetes, doenças cardiovasculares e degenerativas (como Alzheimer).

Por isso, se ainda come pão, vale mais barrar com manteiga, ou se for torrada, faça como cá no Alentejo, esfregue um dente de alho e regue com um fio de azeite!

Não se esqueçam de se inscrever na Newsletter no formulário aqui ao lado, e se quiserem, pode sugerir temas que gostavam de ver discutidos.

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

Enchidos e carnes processadas

Na recente comunicação da Organização Mundial de Saúde (OMS – http://www.who.int/mediacentre/news/statements/2015/processed-meat-cancer/en/) sobre a ligação do cancro colorretal e o consumo das carnes processadas, já há muito que venho difundindo nos meus pacientes e amigos para se consumir o mínimo possível deste tipo de alimentos.

Muitas pessoas consultam-me para emagrecer, ou para modificar alguns hábitos alimentares, e há a crença estabelecida que o fiambre de peru ou frango ajuda a ter uma alimentação mais saudável… Errado! O fiambre, qualquer que seja o animal que lhe tenha dado origem, nada mais é uma mistura de gelatina e as mais diversas partes do animal trituradas, homogeneizadas e prensadas para ter a forma que conhecemos das vitrinas das lojas.

Estamos em Portugal, um país conhecido por ter tradições de enchidos das mais variadas carnes, e nas mais variadas regiões, de norte a sul do país. Antigamente as carnes para os enchidos eram carnes de animais criados de forma mais biológica, tratadas de forma tradicional, com sal e temperos de qualidade. Um presunto passava meses seguidos envolto em sal, as linguiças eram feitas em fumeiro tradicional com lenhas de qualidade.

Hoje os animais são criados à base de farinhas, algumas delas feitas com OGM (Organismos Geneticamente Modificados), que produzem carnes de má qualidade, com muitos antibióticos e toxinas das farinhas. As carnes já não são temperadas de forma artesanal, estão cheias de aditivos, estabilizadores e conservantes, os “E” que estão presentes em quase todos os rótulos, são embalados a vácuo, em embalagens que mantêm tudo o que é de bom (e mau) em contato com o produto. Os fumeiros e as salgas já são feitas de forma artificial, com temperatura e humidade controlada, nada como antigamente. Até já aparece na lista de ingredientes de alguns produtos “Aroma a fumo”(??!!). É a estes produtos que estes avisos se referem, aos produtos industrializados, que nada têm de parecença aos que os nossos pais e avós produziam de forma caseira.

Há empresas (poucas é certo) que ainda tentam produzir de forma tradicional, e essas aconselho, mas sempre com moderação, pois mesmo nestas condições há determinadas substâncias que realmente podem ser cancerígenas.

Os Benzopirenos são substâncias cancerígenas que formam na combustão, e estão presentes no fumo dos cigarros, mas também se encontram em enchidos, e outras carnes e peixes que sejam fumados ou grelhados, e quanto mais queimados estão, pior a sua concentração (e de outros compostos tóxicos). Daí que se aconselha a não cozinhar em demasia a carne ou peixe na grelha. Outro conselho é retirar a pele destes alimentos, ou a tripa dos enchidos pois aí há uma maior concentração dos benzopirenos.

Outra das substâncias que está presente nas carnes processadas são as nitrosaminas.

As nitrosaminas são agentes de conservação, muito presentes no salpicão para impedir o desenvolvimento do clostridium botulinum, responsável por uma boa intoxicação alimentar, o botulismo, podendo mesmo ser fatal.

E estas substâncias são cancerígenas de uma forma global, não só no cancro colorretal como adverte a OMS!

Recapitulando, fiambre (de qualquer tipo ou animal) e fumados industriais não, presunto e enchidos (caseiros) sim, mas preferencialmente que seja do mais tradicional possível e em pouca quantidade, retirando sempre a pele exterior. Lembro que as carnes são alimentos acidificantes, por isso são sempre de consumo reduzido na dieta alimentar!

Releiam sobre o pH dos alimentos, e sobre os alimentos acidificantes, ácidos e alcalinos. Não deixem de se inscrever na newsletter para estar sempre a par dos últimos artigos que vou publicando.

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

Vitamina D

A polémica vitamina D, que pode atacar os rins e o fígado! Será mesmo?! Será a vitamina D o tratamento para dezenas de doenças, mas que foi tornada a “má da fita” pois não dá dinheiro à indústria farmacêutica… Cancro da mama, cancro da pele, doenças autoimunes (Esclerose Múltipla, Psoríase, etc). Com links para entidades acreditadas para que não hajam dúvidas! Desculpem-me o texto logo, mas se eu fosse explicar tudo, ainda maior seria!

A vitamina D é na realidade uma hormona que podemos obter através da exposição à luz solar direta, ou através da toma de ergocalciferol (vitamina D2 de origem vegetal) ou de colecalciferol (vitamina D3 de origem animal).

Hoje em dia a Dose Diária de Referência (DDR) varia entre as 100 UI (Unidades Internacionais) e as 400 UI, dependendo do país e dependendo da idade. Mas este valor é absurdo e está totalmente desfasado da realidade. Um estudo estatístico do ano passado de Paul J. Veugelers e John Paul Ekwaru, da Escola Pública de Saúde da Universidade de Alberta, no Canadá (podem fazer o download em http://www.mdpi.com/2072-6643/6/10/4472/pdf), publicado pelo Multidisciplinary Digital Publishing Institute, uma instituição que publica artigos científicos acreditados pela comunidade científica com sede na Suíça, mostrou que a DDR de vitamina D foi mal calculada no estudo feio pelo Institute of Medicine (IOM), a pedido dos governos dos EUA e do Canadá. O IOM calculou a DDR de vitamina D em 600 UI, mas o estudo estatístico do ano passado veio a confirmar o quão díspar é essa quantidade, pois na realidade para se manterem valores mínimos aceitáveis de vitamina D serão precisas 8895 UI, sim, são precisas quase 15 vezes mais unidades internacionais que o proposto! Atenção, não é invenção minha, nem dos meus colegas das terapias complementares!

Sem se saber, a carência em vitamina D é quase uma regra por todo o mundo, e na maior parte das pessoas sem que se apercebam.

A melhor forma de termos a vitamina D em quantidades ótimas é mesmo através de exposição solar, mas o estilo de vida que temos hoje em dia não nos permite receber a quantidade necessária, passamos dias inteiros fechados nos locais de trabalho, já não se fazem atividades lúdicas ao ar livre, quando vamos à praia utilizamos protetor solar em excesso… Sim, protetor solar em excesso (e agora pensam vocês, é desta que se passou da cabeça!). A síntese de vitamina D pelo sol dá-se quando os raios UVB penetram a nossa pele, pelo que com um protetor solar de fator 8, já essa produção é reduzida em mais de 3/4. Nos últimos anos as campanhas para utilização de protetor solar na Austrália têm sido enormes, o que não impediu que entre 1986 e 2006 os cancros de pele duplicassem (http://www.melanoma.org.au/understanding-melanoma/melanoma-facts-and-statistics/). Isto é explicado pelo efeito protetor da vitamina D no cancro da pele. O mesmo se verifica pelo resto do mundo em que o aumento da utilização dos protetores solares, trouxe consigo um aumento do número de cancros da pele! Será por alguns dos componentes dos protetores serem cancerígenos (dava mais uma história completa só com este tema…), ou pela falta da vitamina D que é produzida em pouca quantidade?!

Além do cancro da pele, a vitamina D tem demonstrado resultados muito favoráveis em outros tipos de cancro, nomeadamente no cancro da mama. Pacientes com valores mais altos de vitamina D têm um risco reduzido de vir a sofrer de cancro da mama, e quando este aparece, esta mesma vitamina ajuda na apoptose (morte das células do cancro) e no aumento da esperança de vida das doentes (http://www.breastcancer.org/risk/factors/low_vit_d e http://www.medicalnewstoday.com/articles/273728.php). Tem igualmente evidências em pelo menos mais 15 tipos de cancro, além dos já citados, no da próstata e no colorretal, a vitamina D também ajuda neles.

vitamin-D

Ao nível de sistema imunitário, pessoas com níveis ótimos de vitamina D têm menos propensão às infeções do tempo frio, como gripes e constipações (http://www.wsj.com/articles/SB10001424052748704156304576003531437073192), e até mesmo para acelerar o processo de cura nestas infeções tomando doses altas de vitamina D.

Ainda na parte imunológica, a vitamina D tem demonstrados efeitos excelentes nas doenças autoimunes. Um neurologista brasileiro, o Dr. Cícero Coimbra, já há mais de 1 década que trata milhares de pacientes com Esclerose Múltipla com altas doses de vitamina D e outros suplementos, sem qualquer recurso a químicos. Eu já tenho vindo a implementar este tratamento (adaptado com mais alguma suplementação) em alguns pacientes. O Dr. Cícero também já testou este tratamento em outras autoimunes, como a Psoríase e a Artrite Reumatóide.

Em 1903, o Nobel da Medicina foi atribuído ao Dr. Niels Ryberg Finsen, pela descoberta das propriedades da luz, mais propiamente dos raios UV (Lembro que os UVB desencadeiam a produção da vitamina D), no tratamento de doenças da pele.

Voltando à produção da vitamina D pela exposição solar, e aqui posso aumentar a polémica e revolta em algumas pessoas. A melhor hora para a produção de vitamina é quando os raios solares estão mais perpendiculares, ou seja, entre as 12h e as 15h, as horas “perigosas”. Mas não precisamos de estar 3 horas expostos ao sol! Os estudos mostram que 10 a 15 minutos, com pernas e braços expostos, o organismo consegue produzir entre 15.000 UI e 20.000UI de vitamina D. Só por aí vemos o absurdo das DDR que atualmente são norma na maior parte dos países. Mas mesmo fora dessas horas, já há uma boa produção de vitamina D. Por isso eu aconselho sempre os meus pacientes quando vão à praia, a primeira meia hora da manhã, a exposição ao sol deve ser feita sem qualquer tipo de proteção! Após esse período, a melhor proteção é vestir roupas claras e estar debaixo do guarda-sol. E quando vamos à praia, quantos jovens (e não só) vemos deitados nas toalhas horas esquecidas ao sol sem qualquer tipo de proteção?! E até agora ainda não ouvi falar de nenhuma morte por excesso de vitamina D por causa de exposição solar…

Os primeiros efeitos da vitamina D descobertos foram na absorção do cálcio. Mais uma evidência da carência desta vitamina, com o crescente número de pacientes com osteopénia e osteoporose, situações que são razoavelmente “fáceis” de reverter com a ingestão adequada de vitamina D e de Cálcio de Coral, nada de cálcio inorgânico “da farmácia” pois a percentagem da sua absorção e fixação é muito reduzida.

E as potencialidades da vitamina D alargam-se por muito mais patologias, desde o sistema cardíaco, na diabetes, em casos de autistas… São mais de 600 funções no nosso organismo em que a vitamina D entra.

A questão da principal problemática da vitamina D é que não é rentável financeiramente! A indústria farmacêutica não tem interesse nela pois não consegue ganhar dinheiro com ela. E o que não mexe dinheiro, não tem interesse! E claro que declara guerra à vitamina D pois ela é extremamente segura, pode ser tomada por qualquer pessoa, e com efeitos colaterais mínimos ou mesmo nulos. Basta eliminar o leite e os seus derivados, já discutido aqui, e beber muita água para manter os rins em bom funcionamento (mas isso é uma recomendação que todos devemos seguir).

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha

O Intestino

Tem depressão? Tem alergias? Tem asma? O bebé nasceu de cesariana e anda sempre doente? Acha que o intestino não está relacionado com nenhum destes assuntos?! Se calhar é melhor ler este artigo…

Já no final do século passado o Dr. Michael D. Gershon (professor de anatomia e biologia celular) lançou um livro, “O Segundo Cérebro”, a relatar a importância que este órgão tem no nosso organismo, mas que a comunidade médica teima em desvalorizar (à exceção dos gastroenterologistas) e a considera-lo um órgão “secundário”. Neste últimos meses têm surgido mais publicações (felizmente!) relacionadas com o intestino.

Logo para se ver a sua importância, nas primeiras semanas do desenvolvimento embrionário, quando as células começam a fazer a diferenciação a que órgão vão pertencer, o sistema nervoso e o intestino são das primeiras estruturas que começam a aparecer, ou seja, há uma grande ligação logo de início entre o cérebro e o intestino.

Em números, o intestino tem quase a mesma quantidade de neurónios que o cérebro, e consegue ter mais do que a espinal medula. O intestino tem um sistema de controlo quase autónomo, o que permite que este funcione mesmo quando o cérebro esteja afetado, isto é, mesmo que a pessoa esteja em coma, o intestino continua “na dele” a funcionar e a digerir os alimentos.

O intestino é a nossa primeira barreira de defesa, em que mais de 2/3 do sistema imunitário se encontra aí. Podemos ver quando comemos algo estragado, a reação do organismo é logo vomitar ou provocar uma diarreia.

Além do mais, o microbioma ou microbiota intestinal (antigamente chamado de flora intestinal) também atua como sistema imunitário, rejeitando tudo o que seja nocivo para o nosso organismo. Temos centenas, e possivelmente milhares, de estirpes (espécies) de bactérias boas no nosso intestino, são elas que compõem o nosso microbioma intestinal, e já há médicos e cientistas que começam a considera-lo mais um órgão do nosso organismo, já que todas somadas podem chegar a pesar 2 kg!

O microbioma intestinal é essencial para a nossa sobrevivência, além de funções defensivas, é igualmente responsável pela transformação dos alimentos na digestão, fazendo com que sejam melhor absorvidos, mas também algumas bactérias são produtoras de vitaminas, como a B12 e K.

A serotonina, um neurotransmissor que muitas vezes é chamado de “hormona da felicidade” já que modula no nosso humor e consegue ajudar no controlo do ritmo circadiano e do sono, tem a sua principal produção no intestino, responsável por 95% da sua produção, e uns meros 5% só no cérebro. Estudos indicam que a serotonina está igualmente ligada a problemas relacionados com ansiedade, depressão, obesidade, enxaqueca e esquizofrenia. Já está a ver se o intestino não está bom, até que ponto nos pode influenciar?!

Mas ainda não ficamos por aqui!

Além da serotonina, ainda são produzidos mais de 30 neurotransmissores no intestino, que controlam as mais diversas funções que se possam imaginar.

Há 3 “bióticos” importantes no intestino:

  • antibióticos – são contra a vida, são os medicamentos que utilizamos que utilizamos para combater as infeções que o nosso sistema imunitário não consegue combater. Mas estes antibióticos não matam só os agentes patogénicos, eles matam igualmente as nossas bactérias boas;
  • probióticos – são a favor da vida, são as bactérias que podemos ingerir que vão reforçar o microbioma intestinal, e podemos consumir alguns alimentos fermentados que contenham essas bactérias;
  • prebióticos – são o alimento da vida, geralmente são fibras que alimentam os probióticos. Os mais conhecidos são os Fruto-oligossacarídeos e os Galacto-oligossacarídeos.

Hoje em dia no mercado já existe os chamados simbióticos, que são uma mistura dos probióticos e os prebióticos, simbióticos estes que devem ser sempre associados a uma toma de antibióticos.

Os probióticos são bastante úteis quando fazemos alguma suplementação ou outra medicação, pois geralmente facilitam a absorção dos componentes necessários.

O nosso microbioma intestinal vai-se contruindo ao longo da vida, e já foram feitos estudos que encontraram algumas bactérias logo no micónio (as primeiras “fezes” do recém nascido), mas elas são adquiridas logo no momento do parto, quando o bebé passa pela vagina, sendo “infetado” pelas bactérias da mãe. Daí a importância do parto natural em vez da cesariana, pois isso irá prevenir futuras doenças na criança, e até mesmo em adulto. Caso o bebé nasça de cesariana, pode-se desde logo começar com uma suplementação em probióticos adequado para os primeiros meses de vida.

Um bom microbioma intestinal desde jovens, tem sido conotado com menos casos de asma nas crianças e em adulto.

Há outros problemas que estão associados a uma síndrome chamado de intestino poroso. O intestino poroso é quando no intestino há pequenas fendas, que deixam passar moléculas ou outras impurezas para o sangue, causando assim respostas inflamatórias no organismo.

Este intestino poroso tem sido igualmente ligado às doenças autoimunes (Esclerose Múltipla, Artrite Reumatóide, Psoríase, Lúpus, etc.) e à reações alérgicas. O Leite (já falado) e o Glúten (sendo o trigo o pior inimigo, também já discutido) são os mais conhecidos, podendo levar a graves sintomas. Esta alergia ao glúten é conhecida como a Doença Celíaca. Hoje em dia há cada vez mais pessoas com Doença Celíaca, mas há também cada vez mais pessoas com pequenas intolerâncias ao glúten, que se manifesta com barrigas inchadas ao fim do dia, fadiga, até mesmo problemas de concentração!

Daí que uma das minhas principais preocupações com os meus pacientes é que estes tenham um intestino bom, que se o intestino estiver em boas condições, será muito mais fácil recuperar a boa saúde.

Havia muito mais para se falar do intestino, mas penso que por aqui já ficamos com uma vista bem alargada da importância. Por isso vamos tratar bem do nosso intestino, é por ele que nos alimentamos, mas é igualmente ele responsável por nos proteger e manter bem-dispostos! Como já referi anteriormente, comam fruta e muitos legumes!

 

Sejam saudáveis e realizados!

Filipe Rocha